O poder dos dados mudando o crédito empresarial

A sistemática tradicional de relacionamento de crédito estabelece que o empresário seja levado a preencher formulários de cadastro, disponibilizar documentos e informações, efetuar assinaturas e reconhecimentos de firma, para então encaminhar tudo a um único e determinado agente financeiro.

O agente financeiro, por sua vez, terá que receber toda essa burocracia de maneira completa e organizada para, só então, poder analisar se a empresa atende os requisitos e enquadramentos necessários (aí incluindo questões de endividamento bancário pré-existente, disponibilidade de garantias, dentre outros).

Então, só após todo esse processo burocrático de disponibilização de dados da empresa para o agente financeiro é que haverá um feedback daquela instituição específica sobre a viabilidade de abertura de relacionamento, passando-se então à eventual abertura de conta e análise e estabelecimento de limites.

Ou seja, a empresa submete seus dados para que a instituição financeira analise, sem garantia de que terá cadastro e crédito aprovado, tendo que despender o mesmo tempo e esforço repetidas vezes, caso se proponha a buscar um crédito mais competitivo através de contatos com Instituições Financeiras diversas – o que quase nenhuma empresa faz, devido ao enorme trabalho, e termina pagando caro! Por outro lado, as Instituições Financeiras têm que realizar visitas, coletar toda documentação, aguardar os tempos e disponibilidades das empresas, para só depois que receber tudo, verificar se o cliente atende os requisitos e enquadramentos para abertura de relacionamento. Uma jornada comercial burocrática, demorada, onerosa e muito pouco objetiva!

E isso no mundo onde já existem o Google, o Ifood, o Uber, e uma enormidade de novas tecnologias que vêm mudando os conceitos e facilitando a vida das pessoas e empresas!

Mas, falando de crédito, já não existem os Marketplaces, que ajudam a digitalizar e simplificar esses processos? Sim, e não!

Sim, porque de fato os Marketplaces de crédito permitem que as empresas prestem algumas informações cadastrais de forma digital, de maneira que suas inteligências artificiais possam direcionar essas empresas aos agentes financeiros para os quais seu perfil se enquadre, e então elas possam receber propostas de crédito de tais agentes. Isso já é uma grande evolução!

Mas, se por um lado os marketplaces já ajudam a direcionar as empresas, por outro o fluxo do relacionamento permanece o tradicional: as empresas continuam indo ativamente em busca dos produtos de “prateleira” dos agentes financeiros, mantendo-as no limitado universo do crédito tradicional.

Se voltarmos a considerar que as inovações tecnológicas têm utilizado os dados para simplificar, facilitar e ampliar as possibilidades das vidas das pessoas, podemos ponderar que o mercado empresarial pode se beneficiar amplamente caso perceba que a inovação e a tecnologia são capazes de, através da riqueza de seus dados, estabelecer novos modelos e novos fluxos de relações com o mercado de crédito.

Esses fluxos que permitam inverter o processo, possibilitando que as empresas se coloquem na posição de poder e destaque, e que os agentes financeiros, agora em seus modelos tradicionais (Bancos, Cooperativas, FIDCs, factorings) e/ou inovadores (Fintechs, Sociedades de Crédito Direto, etc), possam realizar prospecções comerciais de forma prévia, digital e segmentada de acordo com suas estratégias de operação de crédito, tendo acesso prévio à níveis de informações e indicadores devidamente autorizados pelas empresas, que os permita operar com as empresas às quais tenham identificado interesse e realizado verificações de atendimento aos requisitos e enquadramentos de forma prévia.

Assim, as jornadas de crédito serão muito mais objetivas, menos onerosas, inclusivas (tanto para as empresas, quanto para os novos entrantes no mercado de crédito empresarial), e finalmente mais competitivas e personalizadas.

Digitalização, competitividade e acesso ao crédito. O poder dos dados à serviço do crédito empresarial!

 

Autor: Luiz Falbo Di Cavalcanti, Fundador KALEA